sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A filosofia de Habermas

Em sua Dialética do Esclarecimento, os filósofos Adorno e Horkheimer, fundadores da chamada Escola de Frankfurt, criticaram a razão oriunda do Iluminismo, a qual, na época utilizada como meio de libertação, converteu-se em instrumento de dominação, uma vez que o mundo passou a ser administrado em nome da técnica: é o que chamavam razão instrumental, dirigida a fins.
Para esses filósofos, a razão instrumental teria, inclusive, atingido as obras de arte. A produção artística, longe de preservar sua “aura” e sua autonomia, passou a ser produzida e condicionada de acordo com uma lógica de mercado. A Indústria Cultural, nome usado por Adorno e Horkheimer, portanto, tornou as produções artísticas mercadorias como quaisquer outras. (PARA SABER MAIS - CLIQUE AQUI )
Para Habermas, Adorno e Horkheimer, confundiram um tipo particular de racionalização com a própria razão. A razão, assim, não pode ser reduzida à sua perversidade utilitária, uma vez que ela possui uma função comunicativa. Na estrutura da linguagem cotidiana, assim, já está embutida uma exigência de racionalidade. A linguagem é uma verdadeira forma de ação: o simples fato de falar implica, além de uma exigência de compreensão mútua, um ideal de exatidão e veracidade e uma sinceridade. A interação com a linguagem, assim, sustenta que os indivíduos partilhem um mundo objetivo, um mundo social e um mundo subjetivo – essa é a base de sua teoria da ação comunicativa.
Assim, Habermas reconcilia-se com a razão ocidental e propõe um verdadeiro salto paradigmático, buscando um conceito de racionalidade que seja ancorado nos processos de comunicação. Se existe uma racionalidade instrumental mediada pela economia e pelo poder, existe todo um agir comunicativo, que busca o entendimento e o assentimento entre sujeitos, tendo em vista uma ação comum, baseado na forma sem violência do discurso argumentativo. No diálogo – quando ninguém é “trapaceiro, nem um psicótico, nem um bêbado” –, cada ser se investe numa troca em que só contam os valores de razão, como reconhecimento, respeito e sinceridade.
Habermas visa a fundar uma “ética da discussão”: em vez de um sujeito buscar fazer valer uma lei universal, é preciso buscar uma discussão na qual as questões morais sejam objeto de debates, dando lugar a acordos. Uma norma ética, para ele, só é válida quando for objeto de uma livre discussão. Só o agir comunicativo, que tende ao entendimento entre os atores, pode ser a base ética de uma sociedade. Habermas foi acusado, por muitos, de “reformista”, pois, em vez de desesperar-se diante da democracia burguesa, levou a sério suas potencialidades.
Em suma, como diz Habermas, a ação comunicativa ocorre “sempre que as ações dos agentes envolvidos são coordenadas, não através de cálculos egocêntricos de sucesso, mas através de atos de alcançar o entendimento. Na ação comunicativa, os participantes não estão orientados primeiramente para o sucesso individual, eles buscam seus objetivos individuais respeitando a condição de que podem harmonizar seus planos de ação sobre as bases de uma definição comum de situação. Assim, a negociação da definição de situação é um elemento essencial do complemento interpretativo requerido pela ação comunicativa”.
fonte: abril educação

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