domingo, 25 de junho de 2017

“O inferno são os outros”, Sartre


Estamos condenados a ser livres. Essa é a sentença de Sartre* para a humanidade. O filósofo e escritor francês, ao lado do argelino Albert Camus, foi um dos maiores representantes do existencialismo, corrente filosófica que nasceu com Kierkegaard e reflete sobre o sentido que o homem dá à própria vida. Para Sartre, a existência do ser humano vem antes da sua essência. Ou seja, não nascemos com uma função pré-definida, como uma tesoura, que foi feita para cortar, por exemplo.

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Segundo o filósofo, antes de tomar qualquer decisão, não somos nada. Vamos nos moldando a partir das nossas escolhas. Toda essa liberdade resulta em muita angústia. Essa angústia é ainda maior quando percebemos que nossas ações são um espelho para a sociedade. Estamos constantemente pintando um quadro de como deveria ser a sociedade a partir das nossas ações – o curioso é que o próprio Sartre era viciado em anfetaminas, ou seja, não foi exatamente um exemplo de conduta. Defendia que temos inteira liberdade para decidir o que queremos nos tornar ou fazer com nossa vida. A má-fé seria mentir para si mesmo, tentando nos convencer de que não somos livres. O problema é que nossos projetos pessoais entram em conflito com o projeto de vida dos outros. Eles, os outros, tiram parte de nossa autonomia. Por isso, temos de refletir sobre nossas escolhas para não sair por aí agindo sem rumo, deixando de realizar as coisas que vão definir a existência de cada um. Ao mesmo tempo, é pelo olhar do outro que reconhecemos a nós mesmos, com erros e acertos. Já que a convivência expõe nossas fraquezas, os outros são o “inferno” – daí a origem da célebre frase do pensador francês.

Em uma França devastada após o final da 2ª Guerra, liberdade não era exatamente a palavra do momento. Mas as ideias de Sartre inspiraram toda uma geração de ativistas, como os revolucionários de Paris em maio de 1968, que ajudaram a derrubar o governo conservador francês. O filósofo ficou conhecido também pela sua relação com Simone de Beauvoir, outra ilustre filósofa existencialista. Ela foi sua companheira de toda a vida, apesar de nunca terem firmado um compromisso. Sartre morreu como um filósofo pop. Em 15 de abril de 1980, mais de 50 mil pessoas foram ao seu funeral.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Filosofia e Sociologia na Redação


John Locke


O empirismo científico de Locke também se revelou em sua concepção sobre a política, ou seja, Locke, como bom empirista, não acreditava nas ideias inatas, do mesmo modo transferiu esta máxima, adaptando-a à política, sugerindo que o poder político não seria inato, portanto, não seria proveniente de Deus.
Esta postura faz de Locke um dos defensores do liberalismo, por este motivo vamos esclarecer alguns pontos na teoria política de Locke, a saber: estado de natureza, propriedade privada, Estado e pacto social. Estes conceitos foram desenvolvidos na obra: “Segundo Tratado do Governo Civil”.
Estado de natureza
Locke acreditava que os homens viveram em um estado de natureza. Deste modo achava que os homens nasceram livres, dotados de razão, governados por ela, todos iguais, independentes uns dos outros, sendo os homens os executores das leis naturais.
Haveria uma única sociedade, onde todos os homens participariam em pés de igualdade e todos os homens seriam guiados pela razão. Haveria aqui um direito natural inalienável a todo homem que é o da condição humana conferindo a ele certas garantias pelo simples fato de ser homem. Deste modo, os homens do estado de natureza eram considerados bons por Locke, viveriam em paz sem se ferirem.
Propriedade privada
Um dos principais motivos pelo qual o homem adere ao pacto social é o de ter direito à propriedade privada que pode ser considerado um destes direitos inalienáveis ao homem, porém não inato. Isso significa dizer que todo homem tem direito à propriedade privada desde que por força do seu trabalho, algo natural aos homens, produza benfeitorias no local, as quais possam se reverter em direito sobre a propriedade.
Mas há de se observar que o direito à propriedade é limitado ao homem, quando este infringe o principio do “bem comum”, ou seja, nenhum homem pode se apropriar dos recursos naturais, essenciais à sobrevivência da humanidade, como: água, terras e recursos minerais. Além disso, os direitos civis também devem ser preservados, como: direito à vida, à liberdade, à segurança, à educação.

O Estado e o pacto social
Com a tentativa de garantir todos estes direitos do estado de natureza e o bem comum os homens dotados de razão, em conjunto, criam o pacto social e o próprio Estado para garantir os direitos naturais. Mas se o Estado não garantir o direito, cabe aos homens tomar o Estado, derrubar o governo ineficiente, implementar um novo que garanta os direitos naturais.
Locke, ainda que embrionariamente, defende a divisão dos poderes do Estado. Para Locke, a divisão dos poderes garantiria a manutenção dos direitos naturais e impediria o abuso do poder de homens egoístas. Para o Legislativo, Locke defende uma atuação quando necessária, ou seja, para fazer leis ou reformá-las. Quanto ao Executivo, este deve ser atuante no cumprimento das leis e presente no dia a dia da sociedade.

O Leviatã


DO QUE TRATA

Nomeado a partir de um monstro bíblico, Leviatã trata da organização da sociedade. Para Hobbes, o homem em “estado natural” desconhece as leis e a ideia de Justiça. Todos têm direito a tudo e, para conseguir o que desejam, lançam mão da força e da astúcia. A conseqüência é a “guerra de todos contra todos”. A única forma de refrear essa guerra seria realizando o pacto social, quando todos abrem mão de seu direito em nome de um único soberano.

QUEM ESCREVEU

Hobbes (1588-1679) formou-se em Oxford e foi tutor do conde de Devonshire, a quem acompanhou em viagens pela Europa. Nessas ocasiões, tomou conhecimento das novas teorias científicas e filosóficas. Viveu 11 anos na França durante a Revolução Puritana inglesa.

POR QUE MUDOU A HUMANIDADE

Hobbes é o primeiro filósofo político a justificar o poder dos soberanos em bases racionais. Na época, o direito dos reis ainda tinha origem divina. As teorias do Leviatã eliminam essa hipótese, promovendo a separação entre poder divino e secular. O pacto de Hobbes requer um governo absoluto, daí sua defesa da monarquia, simbolizada na figura do monstro bíblico.

O Leviatã aparece em O Livro de Jó, descrito como o mais terrível dos monstros marinhos: “Quando se levanta, tremem as ondas do mar (…). Se uma espada o toca, ela não resiste”.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Immanuel Kant


Quem foi Giordano Bruno?



Filósofo, matemático, astrônomo, poeta e teólogo – seu currículo é maior que uma nota fiscal de compra do mês. O frade italiano nascido em 1548 entrou para a história após questionar abertamente crenças fundamentais da Igreja Católica, como a existência de céu e inferno, a danação eterna e a concepção de Cristo por uma mulher virgem.

Bruno também era uma espécie de herdeiro intelectual do heliocentrismo de Nicolau Copérnico, e não se limitou a concordar que a Terra é que dava voltas em torno do Sol – o que na época, por si só, era o suficiente para morrer na fogueira dos tribunais eclesiásticos. Observando o céu, foi além e concluiu que as estrelas não eram só pontos de luz, mas outros “sóis” muito distantes. Cada um teria seu próprio conjunto de planetas girando em torno de si, e qualquer um desses corpos poderia abrigar vida – doutrina visionária que ganharia o nome de “pluralismo cósmico”.  

Na obra A Causa, o Princípio e o Uno, ele diz: “o universo é, então, uno e infinito (…) Não é possível compreendê-lo e ele não tem limites. Nesse sentido, ele é indeterminável, e consequentemente imóvel.” Em Sobre o Infinito do Universo e os Mundos, Bruno também afirma que outros planetas “não têm menos virtude nem uma natureza diferente da de nossa Terra”, e, como ela, “contêm animais e habitantes.” Por trás de sua visão de infinito estava o panteísmo: a crença de que Deus não é uma figura metafísica separada do universo palpável, mas que ambos estão em completa identificação e são, no fundo, a mesma coisa. 

O filósofo, apesar da perseguição, chegou a lecionar Aristóteles na Universidade de Halle-Wittenberg, uma instituição de ensino alemã luterana – os protestantes, fiéis a seus princípios de livre interpretação da Bíblia, toleraram sua subversão teórica por mais tempo que católicos tradicionais. 

Ele foi queimado em 1600, e se tornou um mártir dos iluministas no século 19. Até hoje é símbolo da liberdade de pensamento e expressão, e suas ideias estão na vanguarda da astronomia contemporânea: o telescópio Kepler, lançado pela Nasa em 2009, já identificou mais de 2,3 mil dos mundos distantes que habitavam os sonhos de Giordano Bruno. No ano passado, o Observatório Europeu do Sul (SEO) anunciou a descoberta de Proxima B, exoplaneta com temperaturas médias de 30º e água líquida – e um forte candidato a abrigar vida como a conhecemos.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Para compreender Foucault


Foucault participou teórica e praticamente dos movimento sociais que poderíamos chamar de vanguarda de seu tempo, sobretudo durante as décadas de sessenta e setenta: a luta antimanicomial (sua experiência num hospital psiquiátrico foi uma das motivações que o levou a escrever História da Loucura); as revoltas nos presídios franceses (junto com Gilles Deleuze criou o GIP – Grupo de Informação sobre as Prisões, que buscava dar voz aos presos e às outras pessoas diretamente envolvidas no sistema prisional; com base nessa experiência escreveu Vigiar e Punir); o movimento gay (uma das motivações para sua História da Sexualidade).
O pensador francês também escreveu artigos para jornais e revistas no calor da hora sobre acontecimentos importantes, deu conferências e entrevistas em diversos países, inclusive no Brasil. Contrapunha seu papel de intelectual ao “intelectual universal”, isto é, uma espécie de líder que pensa pelas massas e as dirige para a “verdadeira” luta. O filósofo via a si mesmo como um “intelectual específico”, aquele que em domínios precisos contribui para determinadas lutas em curso no presente. Parafraseando Deleuze, Foucault foi o primeiro a ensinar a indignidade de falar pelos outros.
Ele dizia que suas pesquisas nasciam de problemas que o inquietavam na atualidade: evidências que poderiam ser destruídas se soubéssemos como foram produzidas historicamente; por isso fez da ontologia (o estudo do ser, um modo de reflexão geralmente desligado da realidade histórica, uma vez que busca princípios – as ideias, para Platão; o cogito, para Descartes; o sujeito transcendental, para Kant – que antecedem e, por assim dizer, fundam a história) uma reflexão em cujo cerne está o presente e, portanto, a investigação histórica.
Através de estudos transdisciplinares (e não entre disciplinas, pois trata-se de colocar em questão os limites entre elas), Foucault deu forma a uma crítica filosófica que recorre sobretudo à pesquisa histórica, para questionar as maneiras pelas quais certas verdades e seus efeitos práticos vieram a se formar e se estabelecer no presente.

Questionava assim os sistemas de exclusão criados pelo Ocidende quando do início da época moderna (na cronologia de Foucault, desde fins do século XVIII):
- o saber médico e psiquiátrico – a patologização e a medicalização como formas modernas de dominação sobre seres economica e socialmente inconvenientes, os loucos;
- o nascimento das ciências humanas e da filosofia moderna como saberes que atestam a invenção do conceito de homem, transformando o ser humano, ao mesmo tempo, em sujeito do conhecimento e objeto de saber: o grande dogma da modernidade filosófica;
- a prisão e outras instituições de confinamento (tais como a escola, a fábrica, o quartel) não como um avanço nos sentimentos morais e humanitários, mas como mudança de estratégia do poder, que visa o disciplinamento e a docilização dos corpos;
- a sexualidade como dispositivo histórico de objetivação (o indivíduo como objeto de saber e ponto de aplicação de disciplinas) e subjetivação (o modo segundo o qual o sujeito se reconhece enquanto tal) do corpo, através dos quais se implica uma verdade essencial do homem. Não deixa de ser notável o fato de o Ocidente ter inventado um ritual singular segundo o qual algumas pessoas alugam os ouvidos de outras (os psicanalistas) para falarem de seu sexo.
Às suas pesquisas, ele chamou ontologias do presente: um modo de reflexão, segundo Foucault iniciado por Kant, em que está em jogo o vínculo entre filosofia, história e atualidade. A tarefa de pensar o hoje como diferença na história. Mas se a questão para Kant era a de saber quais limites o conhecimento deve respeitar (os limites da razão), em Foucault a questão se converte no problema de saber quais limites podemos questionar e transgredir na atualidade, isto é, “dizer o que existe, fazendo-o aparecer como podendo não ser como ele é” (2008, p. 325).
Nesse sentido, o filósofo procurava dar visibilidade às partes ocultas que formam o presente e os fragmentos de narrativas que nos constituem lá mesmo onde não há mais identidade, onde o “eu” se encontra fracionado pela história plural que o engendrou. De modo que esse questionamento histórico-filosófico não nos conduz à reafirmação de nossas certezas, de nossas instituições e sistemas, mas ao afastamento crítico dessas instâncias e de si próprio como exercício ético e político. Como indica Deleuze (1992, p. 119): “a história, segundo Foucault, nos cerca e nos delimita; não diz o que somos, mas aquilo de que estamos em vias de diferir; não estabelece nossa identidade, mas a dissipa em proveito do outro que somos”.
A história (não a narrativa histórica ou a escrita da história, mas as condições de existência dos homens no decorrer do tempo, que lhes escapa à consciência), não é da ordem da necessidade; ela diz respeito à liberdade, à invenção; pertence à ordem mais da casualidade do que da causalidade; é feita mais de rupturas e violência do que de continuidades conciliadoras. Esse modo de conceber a história se opõe à imagem tranquila que a narrativa histórica tradicional criou: a história do homem como a manifestação de um progresso inevitável – o lento processo de realização de uma utopia –, que seria alcançado após o iluminismo pela aplicação dos métodos racionais. Como se a ciência, o pensamento e a vida estivessem continuamente mais próximos de verdades que aos poucos são reveladas como o destino final do homem.
Se os estudos de Foucault mostram que os seres humanos não dominam os acontecimentos que constituem o solo de suas experiências, eles atestam ao mesmo tempo que, no espaço limitado do presente, as pessoas dispõem da possibilidade de questionar o que muitas narrativas apresentam como necessário, assim como as formas de poder e dominação que se pretendem absolutas.
Os procedimentos de Foucault postulam, tal como Nietzsche descobrira no final do século XIX, que é possível fazer uma história de tudo aquilo que nos cerca e nos parece essencial e sem história – os sentimentos, a moral, a verdade etc. Essa descoberta indica que, mesmo esses elementos aparentemente universais ou imunes à passagem do tempo, se dão como contingências históricas, como coisas que foram criadas em um dado momento, em circunstâncias precisas.
Trata-se, assim, para Foucault, de pensar a história de determinadas problematizações: a história de como certas coisas se tornam problemas para o pensamento, dignas de serem pensadas por um ou outro domínio do saber e, através de formas de racionalização específicas, verdades são fabricadas. De maneira que suas pesquisas mostram que nossas evidências são frágeis e nossas verdades, recentes e provisórias.
Textos citados:

FOUCAULT, Michel. Estruturalismo e Pós-estruturalismo 1983. Ditos e Escritos II, Arqueologia das Ciências e História dos Sistemas de Pensamento, Trad. Elisa Monteiro, Rio de Janeiro: Forense, 2008.
DELEUZE Gilles. A vida como obra de arte, Conversações. Ed. 34, Rio de Janeiro, 1992.

sábado, 17 de junho de 2017

A República de Platão para download


república (em grego politeia) é o diálogo mais célebre de Platão, o mais lido e o mais comentado ao longo da história. Platão queria resolver o problema de seu tempo. Como impedir que a cidade, que não vivia mais numa tradição por todos aceita e que submetia todas as disputas ao princípio da discussão, não naufragasse na anarquia dos interesses particulares e da dispersão? Como salvar a cidade da confusão em que estava imersa, chegando a ponto de condenar à morte aquele que tinha sido o farol da verdade nas discussões, ou seja, Sócrates?
República contém diversos temas filosóficos, sociais e políticos entrelaçados. A questão chave é a da justiça em seu sentido amplo, oportunidade que Platão aproveita para tecer comentários sobre a educação e o tema genérico do conhecimento das coisas.
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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Aristóteles - 15 livros para download


Aristóteles (384 a. C. – 322 a. C.)  foi um filósofo da antiguidade, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos, como física, metafísica, poesia, música, lógica, retórica, ética, biologia, zoologia… Juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão), Aristóteles é considerado um dos fundadores da filosofia ocidental.

Para aqueles que queiram conhecer melhor a obra de Aristóteles segue, abaixo, a lista de livros disponíveis em PDF e, mais abaixo, o link para o download das obras:

ARTE POÉTICA | ÉTICA A NICOMACO | FRAGMENTOS DO DIÁLOGO | METAFÍSICA, ÉTICA, NICOMACO, POLÍTICA | METAFÍSICA | POÉTICA | POLÍTICA | RETÓRICA DAS PAIXÕES | RETÓRICA | SOBRE A ALMA | SOBRE A GERAÇÃO E A CORRUPÇÃO | TÓPICOS | ÓRGANON | FÍSICA LIVROS I E II | COLEÇÃO OS PENSADORES - ARISTÓTELES

Para fazer o download dos livros - CLIQUE AQUI

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Hegel e a dialética


Primeiramente vamos compreender o conceito de idealismo. Na filosofia, idealismo é uma corrente filosófica que faz das ideias o princípio interpretativo do mundo. Ou seja, segundo o idealismo, conhecemos o mundo a partir das ideias que temos feito de todas as coisas materiais.

Por fim, o conceito de “dialético”. Dialético é uma palavra grega que significa “arte do diálogo, de convencer, de persuadir ou raciocinar”. Em suma, é um debate de ideias diferentes, chegando a uma conclusão a partir desses pensamentos diversos que, tornam-se um novo conceito que pode ser contrariado novamente. Para alguns filósofos, como Sócrates, Platão, Aristóteles e aqui também se encontra o filósofo que estamos estudando, é uma maneira de filosofar.

Mas, como Hegel filosofava? Dentro do idealismo hegeliano há a procura pela resposta a um problema que já vinha sendo discutido por filósofos como Kant: a questão de sujeito e objeto, consciência e mundo. Em suma, a pergunta de fundo era: “como se dá o conhecimento?” Hegel afirmou, portanto, que “o real é racional e o racional é real.”

Calma, não é tão complicado quanto parece! Podemos explicar este pensamento hegeliano dessa maneira: a realidade é composta por nossa mente e a própria consciência não é estática, ou seja, congelada, pois está sempre mudando e desenvolvendo novas categorias e conceitos, que determinam como nós vivemos o mundo. O que faz que o conhecimento sempre seja contextualizado.

A dialética se processa em três momentos:

Primeiro seria tese, que corresponde uma ideia, um pensamento.

Segundo seria a antítese – um pensamento diferente da tese, uma ideia contrária.

Terceiro seria a síntese – uma conclusão da tese com a antítese, ou seja, após o debate de ideias chegaria a uma conclusão resumida, no entanto, essa síntese passa a ser uma nova tese para uma dialética.

Essa estrutura dialética, segundo Hegel, seria aplicada a todos os campos do real, desde a aquisição do conhecimento até os processos históricos políticos. Sendo que esses momentos (tese – antítese – síntese) se sucedem como um movimento em espiral, ou seja, movimento espiral que não se fecha.

Resumo

Hegel criou um sistema chamado dialética, que é um processo espiral sobre o conhecimento, partindo da uma ideia base que é chamada de tese, contrariada por outra ideia, chamada de antítese e chegando a uma conclusão chamada de síntese, que passa a ser uma nova tese, por isso, espiral, algo que não tem fim, mas uma evolução de ideia.

Referência

COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirta. Fundamentos de Filosofia. 1 ed. – São Paulo: Saraiva: 2010.

GARCIA, José Roberto; VELOSO, Valdecir da Conceição. Eureka: construíndo cidadãos reflexivos. Florianópolis: Sophos, 2011.


terça-feira, 6 de junho de 2017

Pensadores brasileiros


O pensamento de Francis Bacon



Para Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental, tendo em vista proporcionar objetivos para o ser humano. Mas, para isso, era necessário que os cientistas se libertassem daquilo que dominava ídolos, isto é, falsas noções, preconceitos e maus hábitos mentais.

Em sua obra Novum Organum, o filósofo destaca quatro gêneros de ídolos que bloqueiam e prejudicam a ciência:

Ídolos da tribo – são as falsas noções provenientes das próprias limitações da natureza da espécie humana;

Ídolos da caverna – são as falsas noções do ser humano com o indivíduo (alusão ao mito da caverna de Platão).

Ídolos do mercado ou do foro – são as falsas noções provenientes da linguagem e da comunicação;

Ídolos do teatro – são as falsas noções provenientes das concepções filosóficas, científicas e culturais vigentes.


Bacon propôs um método para combater esses erros, conhecido como método indutivo de investigação. Este método consiste em observar a natureza para saber as informações; em seguida, fazer uma organização racional destes dados recolhidos através da experiência; com estes dados empíricos formular as explicações gerais, isto é, as hipóteses destinadas à compreensão do fenômeno estudado; por fim, comprovar estas hipóteses por meio de repetidas experiências e, se possível, em outras circunstâncias.


Resumo: Francis Bacon criou um método indutivo de investigação, isto é, partindo de dados particulares e generalizando para o universal, através da experiência, com o intuito de fazer uma ciência pura e livre de qualquer erro, que ele chamou de ídolos, que são os pré-conceitos que formamos sem nenhum dado de certeza e de experiência.

sábado, 3 de junho de 2017

Quem foi Malcolm-X?

Nas décadas de 50 e 60 ganharam fama vários líderes e movimentos de defesa dos negros nos Estados Unidos
Foi um dos mais importantes militantes americanos na luta contra o racismo nas décadas de 50 e 60. Nascido na cidade de Omaha, em 1925, o pequeno Malcolm Little teve uma infância trágica: perdeu o pai assassinado e viu sua casa ser incendiada pelo grupo racista branco Ku Klux Klan. Na adolescência, passou por várias casas de custódia e foi parar na cadeia. Em 1946, enquanto cumpria pena por roubo, converteu-se ao islamismo e aderiu à Nação do Islã, uma seita defensora do conceito de superioridade negra. Seguindo um dos preceitos da entidade, que negava os sobrenomes adotados pela população negra americana e os denunciava como resquícios da escravidão, o militante assumiu o nome de Malcolm-X. Começava aí sua ação política: praticando rigorosos padrões religiosos, ele iniciou uma série de viagens pelos Estados Unidos, fundando mesquitas e fazendo palestras. Sua estratégia radical se opunha ao movimento pelos direitos civis dos negros, liderado por militantes moderados, como o pastor batista Martin Luther King.
Na verdade, Malcolm recusava a igualdade racial e a integração à sociedade branca, defendendo o separatismo dos negros e afirmando que a violência era um recurso aceitável para a autoproteção. Suas idéias e seu talento de orador reuniram um grande número de seguidores para a Nação do Islã. Entretanto, em março de 1964, Malcolm desentendeu-se com outros líderes da seita e abandonou o grupo. Pouco depois, formou seu próprio movimento religioso e embarcou para uma peregrinação à cidade de Meca, na Arábia Saudita. O retorno aos Estados Unidos marcou uma virada ideológica: após a viagem, o militante anunciou idéias mais brandas quanto ao separatismo negro, admitindo a possibilidade de convivência com a sociedade branca. As novas posições acirraram a tensão com antigos seguidores e, em 21 de fevereiro de 1965, Malcolm-X acabou assassinado por integrantes do próprio movimento negro, durante um comício em Nova York.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Penso, logo existo


Descartes visualizou a filosofia como uma árvore onde a metafísica são as raízes, a física é o tronco e as outras ciências são os galhos. Percebia desta forma o conhecimento como uma unidade, todos os saberes estão interligados. A filosofia é também algo útil na vida cotidiana das pessoas, a árvore filosófica dá frutos que são colhidos através das ciências práticas representadas pelos galhos. O principal objetivo da filosofia não é a teorização abstrata, ela tem que ser útil para a vida, ela serve para tornar os homens senhores da natureza. A filosofia deve ser um instrumento para melhorar a vida dos homens. Basta pensar corretamente para agir corretamente.

Ele busca um ponto de partida sobre o qual possa fundar sua filosofia, busca uma verdade que não possa ser questionada como tal,  um princípio que possa lhe dar uma certeza inquestionável. Assim pensando ele cria a dúvida metódica, a partir do qual ele duvida de tudo, inclusive da própria existência e de todas as percepções dos seus sentidos. Todas as minhas sensações podem estar me enganando, como me engano quando sonho e acredito que o sonho é realidade.

Até as verdades matemáticas podem nos enganar, pois podem ser ilusões criadas por um demônio, com o objetivo de me levar ao erro no agir, falar ou pensar.

E é justamente no grau máximo da dúvida que Descartes encontra a sua primeira verdade inquestionável, enquanto duvido de tudo não posso duvidar que esteja duvidando, eu sou algo que duvida, sou algo que pensa na dúvida, sou algo que existe por pensar, se penso, logo existo.

Na sequência o filósofo busca fundamentar outras verdades através da verdade da existência por pensar. Nosso pensamento é imperfeito, mas somente pode ter sido criado por um ser perfeito que é Deus. Deus sendo perfeito não pode querer nos enganar em relação às nossas sensações e se as nossas sensações também são verdadeiras, o mundo exterior existe e é conforme nós o sentimos e intuímos.

Descartes cria um método para bem conduzir nossos pensamentos. Para alcançar a verdade devemos seguir os seguintes princípios: Princípio da evidência, não admitir algo como verdadeiro se não tivermos evidências suficientes para considerar como tal. Princípio da análise, dividir os problemas em tantas partes quanto forem possíveis para que melhor possam ser resolvidos. Princípio da síntese, estabelecer uma ordem de relação entre nossos pensamentos, solucionando primeiro as questões mais simples e depois as mais complexas. E o princípio de controle, fazer constantes revisões de todo processo para ter certeza de que nada foi omitido.

São também verdades nossas ideias inatas, como as matemáticas, pois nos foram dadas por Deus. E é no método matemático que ele vai fundamentar a ciência para conhecer e modificar o mundo. O mundo é uma variação de formas, tamanhos e movimentos da matéria e essas variações podem ser quantificadas e entendidas pela matemática através também da geometria.

Descartes divide matéria de pensamento, para ele o pensamento, ou a substância pensante independe e é separada da matéria. A nossa consciência individual é separada do corpo e continua a existir mesmo sem o corpo. Nós somos um marinheiro navegando no mundo através do nosso corpo que é o navio, mas estamos ligados ao corpo de uma forma estreita, formando um todo com ele. A relação entre nossa consciência e nosso corpo se dá através da glândula pineal, que é a sede da nossa alma. Corpo a alma assim se misturam, mas não ao ponto que não seja possível distinguir uma da outra. Nesta relação podemos diferenciar algumas operações que pertencem somente ao corpo e outras que são específicas da alma. A alma busca o conhecimento da verdade, o corpo é responsável pelas sensações.

O pensamento de Santo Agostinho


Durante algum tempo, ele foi influenciado pela filosofia estoica, e os estoicos negavam uma separação clara entre o bem e o mal. Mas acima de tudo, Santo Agostinho foi influenciado por outra corrente filosófica importante da Antiguidade tardia – o neoplatonismo, que defendia que tudo o que existia era de natureza divina. Agostinho foi capaz de responder a um aspecto do problema do mal facilmente. 


Ele defendia que, embora tenha criado tudo o que existe, Deus não criou o mal porque o mal não é algo, mas a falta ou a deficiência de algo. Por exemplo, o mal padecido por um homem cego é a ausência de visão; o mal em um ladrão é a falta de honestidade. Agostinho tomou emprestado esse modo de pensar de Platão e seus seguidores.


Mas Agostinho precisa explicar por que Deus teria criado o mundo de tal maneira a permitir que existissem tais males ou deficiências naturais e morais. Sua resposta girou em torno da ideia de que os humanos são seres racionais. Ele argumentou que, para que Deus criasse criaturas racionais, como os seres humanos, tinha de lhes dar o livre-arbítrio.
Ter livre-arbítrio significa ser capaz de escolher – inclusive escolher entre o bem e o mal. Por essa razão, Deus teve de deixar aberta a possibilidade de que o primeiro homem, Adão, escolhesse o mal em vez do bem.
Agostinho também elaborou a Teoria da Iluminação Divina, por meio da qual afirmava que todo conhecimento verdadeiro é o resultado de uma iluminação proveniente de Deus.
Para ele, existem dois tipos de conhecimentos: o sensível e o divino.
O conhecimento sensível se dá pelos sentidos ou raciocínio indutivo, e é acessível a qualquer ser humano. Exemplo: percepção das cores, tato, olfato, sons, paladar, etc.
Por outro lado, as verdades eternas pertencem a um plano imaterial e só podem ser obtidas através da iluminação de Deus à razão e ao intelecto do ser humano; de acordo com essa teoria, Deus é o detentor das verdades obsolutas.
Resumo: Para Agostinho o mal não existe, apenas é a ausência do bem, por isso Deus não teria por poder tudo e estar em tudo, não criou e nem está no mal. Ele acaba existindo porque os homens não souberam usar a livre-arbítrio.